Cada uma com suas propriedades, a Língua Oral e
a Língua Escrita se completam. Os falantes não escrevem
exatamente como falam, pois a fala apresenta como características uma maior
liberdade no discurso, pois não necessita ser planejada; pode ser redundante;
enfática; usando timbre, entonação e pausas de acordo com a retórica – estas
características são representadas na língua escrita por meio de pontuações.

A escrita,
por vez, mantém contato indireto entre escritor e leitor. Sendo mais objetiva,
necessita de grande atenção e obediência às normas gramaticais, assim
caracteriza-se por frases completas, bem elaboradas e revisadas, explícitas,
vocabulário distinto e variado, clareza no diálogo e uso de sinônimos. Devido a
estes traços esta é uma linguagem conservadora aos padrões estabelecidos pelas
regras gramaticais.
Ambas as linguagens apresentam características distintas
que variam de acordo com o indivíduo que a utiliza, portanto considerando que
as mesmas sofrem influência da cultura e do meio social, não se pode determinar
que uma seja melhor que a outra, pois seria desconsiderar essas influências. No
momento que cada indivíduo, com sua particularidade, consegue se comunicar a
linguagem teve sua função exercida.
Linguagem Oral e Escrita - O erro
Atualmente, o domínio da língua, oral e escrita, é
fundamental para a participação social efetiva, pois é por meio dela que o
homem se comunica, tem acesso à informação, expressa e defende pontos de
vista, divide ou constrói visões de mundo e produz novos conhecimentos.
Nesse sentido, ao ensiná-la a escola tem a
responsabilidade de garantir a todos os seus alunos os saberes lingüísticos,
necessários ao exercício da cidadania, um direito de todos. Por isso, o
ensino da língua portuguesa, tem sido o centro das discussões a fim melhorar
a qualidade da educação no país.
Analisando o contexto histórico do ensino no Brasil,
percebe-se que a pedagogia tradicional transmite muitas mensagens, como por
exemplo, que o erro é vergonhoso precisando ser evitado a qualquer custo. Sob
este ponto de vista, o aluno fica sem coragem de expressar seu pensamento, por
medo de escrever ou falar de forma errada. A visão culposa do erro, na
prática escolar, tem conduzido ao uso permanente do castigo como forma de
correção e direção da aprendizagem, tornando a avaliação como base da decisão.
A idéia de erro surge no contexto da existência de um
padrão considerado correto. A solução insatisfatória de um problema só
pode ser considerada errada, a partir do momento que se tem uma forma
considerada certa de resolvê-lo; uma conduta é considerada errada, na medida
em que se tem uma definição de como seria considerada correta, e assim por
diante.
“A tradição escolar, cuja crença é a de que se aprende
pela repetição, concebe os erros como inadequações que as crianças cometem
ao reproduzir o conteúdo que se ensinou.”(Kaufmann et al; 1998, p. 46). Assim,
todo o esforço do professor consiste em evitar que os erros ocorram e em
corrigir aqueles que não puderam ser evitados.
Porém, de acordo com as novas práticas pedagógicas, o
erros é visto como um indicador dos conhecimentos adquiridos ou em
construção. Uma visão sadia do erro permite sua utilização de forma
construtiva. Face a isto, quando tratamos de avaliação, impreterivelmente,
precisamos enfrentar a questão do erro. Lidar com os erros dos aprendizes é,
possivelmente, uma das maiores dificuldades dos professores. Superar essa
dificuldade implica refletir a cerca do conceito que temos de erro.
Se o trabalho desenvolvido em sala de aula permitir às
crianças escreverem livremente,
da forma como sabem, o resultado de suas escritas criará nelas próprias
aflição e, conseqüentemente, a necessidade de superar os erros que cometem.
É fundamental ver os erros das crianças como
indicações a cerca do nível de conhecimento que elas possuem sobre a língua
escrita. Desse modo, o educador terá condições de planejar atividades que
venham ajudar o aluno a superar suas limitações temporárias e, assim,
progredir cognitivamente. Tais atividades envolveriam o ensino lúdico da
ortografia, os trabalhos individuais e grupais, utilização de diferentes
tipos de recursos didáticos e do próprio meio.
Receber o erro como processo de construção do
conhecimento não significa ignorá-lo, aguardando que o aluno o perceba
sozinho, e sim gerar situações problematizadoras e instigantes, que levam o
aluno a reformular hipóteses e confrontar saberes.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MEC (Ministério da Educação) Parâmetros Curriculares Nacionais. Língua Portuguesa. Brasília, MEC.1998.
SANTOS, Leonor Werneck dos. Oralidade e escrita nos PCN de língua portuguesa. Disponível em
http://www.filologia.org.br/viiisenefil/08.html. Acessado em três de dezembro
de dois mil e dez às dezessete e treze.
MARTELOTTA, M.E. (Org.) et al. Manual de Lingüística. São
Paulo: Contexto, 2008.
CAVÉQUIA. Márcia Paganini. Alfabetização/Márcia Paganini Cavéquia. São Paulo:
Scipione, 2004. – (A escola é nossa)
CÓCCO. Maria Fernandes. ALP: Alfabetização, análise, linguagem e pensamento: um
trabalho de linguagem numa proposta socioconstrutivista/Maria Fernandes Cócco, Marco Antônio
Hailer. São Paulo: FTD, 1995.
STEINLE. Marlizette Cristina Bonafini et al. Instrumentação do trabalho
pedagógico nos anos iniciais do Ensino Fundamental/ Marlizette Cristina Bonafini
Steinle; Elaine Teixeira França; Érica Ramos Moimaz; Ana Maria de Souza Valle
Teixeira; Sandra Regina dos Reis Rampazzo; Edilaine Vagula. Londrina: Editora
UNOPAR, 2008.
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