1.
Linguagem
Observe a fala do vendedor:
“Quem sabe o senhor desenha para
nós?”
Se o comprador soubesse desenhar, o
problema estaria resolvido facilmente. Ele poderia lançar na mão de um outro
meio de expressão que não fosse a fala.
O homem dispõe de vários recursos
para se expressar e se comunicar. Esses recursos podem utilizar sinais de
diferente natureza.
Tais sinais admitem a seguinte
classificação:
a) Verbais;
b) Não-Verbais;
b) Não-Verbais;
Quando esses sinais se organizam
formando um sistema, eles passam a constituir uma linguagem.
Observe:
Incêndio destruiu o Edifício Z.
Para expressar o mesmo fato, foram
utilizadas duas linguagens diferentes:
a) Linguagem Não-Verbal- Qualquer
código que não utiliza palavra;
b) Linguagem Verbal- Código que utiliza a palavra falada ou escrita;
b) Linguagem Verbal- Código que utiliza a palavra falada ou escrita;
Linguagem é
todo sistema organizado de sinais que serve como meio de comunicação entre os
indivíduos.
Quando se fala em texto ou linguagem,
normalmente se pensa em texto e linguagem verbais, ou seja, naquela capacidade
humana ligada ao pensamento que se concretiza numa determinada língua e se
manifesta por palavras (verbum, em latim).
Mas, além dessa, há outras formas de
linguagem, como a pintura, a mímica, a dança, a música e outras mais. Com
efeito, por meio dessas atividades, o homem também representa o mundo, exprime
seu pensamento, comunica-se e influencia os outros. Tanto a linguagem verbal
quanto à linguagem não-verbal expressam sentidos e, para isso, utilizam-se de
signos, com a diferença de que, na primeira, os signos são constituídos dos
sons da língua (por exemplo, mesa, fada, árvore), ao passo que nas outras
exploram-se outros signos,como as formas, a cor, os gestos, os sons musicais,
etc.
Em todos os tipos de linguagem, os
signos são combinados entre si, de acordo com certas leis, obedecendo a
mecanismos de organização.
Semelhanças e Diferenças
Uma diferença muito nítida vai
encontrar no fato de que a linguagem verbal é linear. Isto quer dizer que seus
signos e os sons que a constituem não se superpõem, mas se sucedem destacadamente
um depois do outro no tempo da fala ou no espaço da linha escrita. Em outras
palavras, cada signo e cada som são usados num momento distinto do outro. Essa
característica pode ser observada em qualquer tipo de enunciado lingüístico. Na
linguagem não-verbal, ao contrário, vários signos podem ocorrer
simultaneamente. Se na linguagem verbal, é impossível conceber uma palavra
encavalada em outra, na pintura, por exemplo, várias figuras ocorrem
simultaneamente. Quando contemplamos um quadro, captamos de maneira imediata a
totalidade de seus elementos e, depois, por um processo analítico, podemos ir
decompondo essa totalidade.
O texto não-verbal pode em princípio,
ser considerado dominantemente descritivo, pois representa uma realidade
singular e concreta, num ponto estático do tempo. Uma foto, por exemplo, de um
homem de capa preta e chapéu, com a mão na maçaneta de uma porta é descritiva,
pois capta um estado isolado e não uma transformação de estado, típica da
narrativa.
Mas podemos organizar uma seqüência
de fotos em progressão narrativa, por exemplo, assim:
a) foto de um homem com a mão na
maçaneta da porta;
b) foto da porta semi-aberta com o mesmo homem espreitando o interior de um aposento;
c) foto de uma mulher deitada na cama, gritando com desespero;
b) foto da porta semi-aberta com o mesmo homem espreitando o interior de um aposento;
c) foto de uma mulher deitada na cama, gritando com desespero;
Como nessa seqüência se relata uma
transformação de estados que se sucedem progressivamente, configura-se a
narração e não a descrição. Essa disposição de imagens em progressão constitui
recurso básico das histórias em quadrinhos, fotonovelas, cinema etc.
Sobretudo com relação a fotografia, ao cinema ou a televisão, pode-se pensar que o texto não-verbal seja uma cópia fiel da realidade. Também essa impressão não é verdadeira. Para citar o exemplo da fotografia, o fotógrafo dispõe de muitos expedientes para alterar a realidade: o jogo de luz, o ângulo, o enquadramento, etc.
Sobretudo com relação a fotografia, ao cinema ou a televisão, pode-se pensar que o texto não-verbal seja uma cópia fiel da realidade. Também essa impressão não é verdadeira. Para citar o exemplo da fotografia, o fotógrafo dispõe de muitos expedientes para alterar a realidade: o jogo de luz, o ângulo, o enquadramento, etc.
A estatura do indivíduo pode ser
alterada pelo ângulo de tomada da câmera, um ovo pode virar uma esfera, um
rosto iluminado pode passar a impressão de alegria, o mesmo rosto, sombrio, pode
dar impressão de tristeza. Mesmo o texto não-verbal, recria e transforma a
realidade segundo a concepção de quem o produz. Nele, há uma simulação de
realidade, que cria um efeito de verdade.
Os textos verbais podem ser
figurativos (aqueles que reproduzem elementos concretos, produzindo um efeito
de realidade) e não-figurativos (aqueles que exploram temas abstratos). Também
os textos não-verbais podem ser dominantemente figurativos (as fotos, a
escultura clássica) ou não-figurativos e abstratos. Neste caso, não pretendem
sumular elementos do mundo real (pintura abstrata com oposições de cores, luz e
sombra; esculturas modernas com seus jogos de formas e volumes).
1.2 Comunicação – Os processos da
comunicação;
Teoria da comunicação;
O esquema da comunicação
Existem vários tipos de comunicação:
as pessoas podem comunicar-se pelo código Morse, pela escrita, por gestos, pelo
telefone, por e-mails, internet, etc.; uma empresa, uma administração, até
mesmo um Estado podem comunicar-se com seus membros por intermédio de
circulares, cartazes, mensagens radiofônicas ou televisionadas, e-mails, etc.
Toda comunicação tem por objetivo a
transmissão de uma mensagem, e se constitui por um certo número de elementos,
indicados no esquema abaixo:
Esses elementos serão explicados a
seguir:
Os elementos da comunicação
a) O emissor ou destinador é
o que emite a mensagem; pode ser um indivíduo ou um grupo (firma, organismo de
difusão, etc.)
b) O receptor ou destinatário é
o que recebe a mensagem; pode ser um indivíduo, um grupo, ou mesmo um animal ou
uma máquina (computador). Em todos estes casos, a comunicação só se realiza
efetivamente se a recepção da mensagem tiver uma incidência observável sobre o
comportamento do destinatário (o que não significa necessariamente que a
mensagem tenha sido compreendida: é preciso distinguir cuidadosamente recepção
de compreensão).
c) A mensagem é o
objeto da comunicação; ela é constituída pelo conteúdo das informações
transmitidas.
d) O canal de comunicação é
a via de circulação das mensagens. Ele pode ser definido, de maneira geral,
pelos meios técnicos aos quais o destinador tem acesso, a fim de assegurar o
encaminhamento de sua mensagem para o destinatário:
Meios sonoros: voz, ondas sonoras, ouvido...
Meios visuais: excitação luminosa, percepção da retina...
Meios sonoros: voz, ondas sonoras, ouvido...
Meios visuais: excitação luminosa, percepção da retina...
De acordo com o canal de comunicação
utilizado, pode-se empreender uma primeira classificação das mensagens:
_as mensagens sonoras:
palavras, músicas, sons diversas;
_as mensagens tácteis: pressões, choques, trepidações, etc;
_as mensagens olfativas: perfumes, por exemplo;
_as mensagens gustativas: tempero quente (apimentado) ou não...
_as mensagens tácteis: pressões, choques, trepidações, etc;
_as mensagens olfativas: perfumes, por exemplo;
_as mensagens gustativas: tempero quente (apimentado) ou não...
Observação: um choque, um aperto de
mão, um perfume só constituem mensagens se veicularem, por vontade do
destinador, uma ou várias informações dirigidas a um destinatário.
A transmissão bem-sucedida de uma mensagem requer não só um canal físico, mas também um contato psicológico: pronunciar uma frase com voz alta e inteligível não é suficiente para que um destinatário desatento a receba.
A transmissão bem-sucedida de uma mensagem requer não só um canal físico, mas também um contato psicológico: pronunciar uma frase com voz alta e inteligível não é suficiente para que um destinatário desatento a receba.
e) O código é um
conjunto de signos e regras de combinação destes signos; o destinador lança mão
dele para elaborar sua mensagem (esta é a operação de codificação). O
destinatário identificará este sistema de signos (operação de decodificação) se
seu repertório for comum ao do emissor for comum ao do emissor. Este processo
pode se realizar de várias maneiras (representaremos por dois círculos os
repertórios de signos do emissor e do receptor):
1º Caso:
A comunicação não se realizou; a
mensagem é recebida, mas não compreendida: o emissor e o receptor não possuem
nenhum signo em comum.
Exemplos: mensagem
cifrada recebida por um receptor que ignora o código utilizado; neste caso,
poderá haver uma operação de decodificação, mas ela será longa e incerta;
Conversa (?) entre um brasileiro e um
alemão, em que um não fala a língua do outro.
2º Caso:
A comunicação é restrita; são poucos os signos em comum.
Exemplo: Conversa
entre um inglês eu um estudante brasileiro de 1º grau que estuda inglês há um
ano.
3º Caso:
A comunicação é mais ampla; entretanto, a inteligibilidade dos signos não é total: certos
elementos da mensagem proveniente de E não serão compreendidos por R.
Exemplo: um
curso de alto ministrado a alunos não preparados para recebe-lo.
4º Caso:
A comunicação é perfeita: todos os signos emitidos por E são compreendidos por R
(o inverso não é verdadeiro, mas estamosconsiderando um caso de uma comunicação
unidirecional: ver mais abaixo.)
Não basta, no entanto, que o código
seja comum para que se realize uma comunicação perfeita; por exemplo, dois
brasileiros não possuem necessariamente a mesma riqueza de vocabulário, nem o
mesmo domínio sintaxe.
Finalmente, deve ser observado que
certos tipos de comunicação podem recorrer simultaneamente à utilização de
vários canais de comunicação e de vários códigos (exemplo: o cinema).
f) O referente é
constituído pelo contexto, pela situação e pelos objetos reais aos quais a
mensagem remete.
Há dois tipos de referentes:
Referente situacional: constituído
pelos elementos da situação do emissor e do receptor e pelas circunstâncias de
transmissão da mensagem.
Assim é que quando uma professora dá
a seguinte ordem à seus alunos: “coloquem o lápis sobre a carteira”, sua
mensagem remete a uma situação espacial, temporal e a objetos reais.
Referente textual: constituído
pelos elementos do contexto lingüístico. Assim, num romance, todos os
referentes são textuais, pois o destinador (o romancista) não faz alusão
salvo raras exceções - à sua situação no momento da produção (da escrita) do romance, nem a do destinatário (seu futuro leitor). Os elementos de sua mensagem remetem a outros elementos do romance, definidos no seu próprio interior.
salvo raras exceções - à sua situação no momento da produção (da escrita) do romance, nem a do destinatário (seu futuro leitor). Os elementos de sua mensagem remetem a outros elementos do romance, definidos no seu próprio interior.
Da mesma forma, comentando sobre
nossas recentes férias na praia, num bate-papo com os amigos, não remetemos,
com a palavra”praia” ou com a palavra “areia”, as realidades presentes no
momento da comunicação.
Tipos de comunicação
Comunicação unilateral é
estabelecida de um emissor para um receptor, sem reciprocidade. Por
exemplo, um professor, um professor durante uma aula expositiva, um aparelho de
televisão, um cartaz numa parede difundem mensagens sem receber resposta.
Comunicação bilateral se
estabelece quando o emissor e o receptor alternam seus papéis. É o que
acontece durante uma conversa, um bate-papo, em que há intercâmbio de
mensagens.
2.
Níveis de Linguagem
Texto: Aí, Galera
“Jogadores de futebol podem ser
vítimas de estereotipação. Por exemplo, você pode imaginar um jogador de
futebol dizendo ‘estereotipação’? E, no entanto, por que não?
_Aí, campeão. Uma palavrinha pra
galera.
_Minha saudação aos aficionados do clube e aos demais esportistas, aqui presentes ou no recesso de seus lares.
_Como é?
_Aí, galera.
_Quais são as instruções do técnico?
_Nosso treinador vaticinou que, com um trabalho de contenção coordenada, com energia otimizada, na zona de preparação, aumentam as probabilidades de, recuperado o esférico, concatenarmos um contragolpe agudo, com parcimônia de meios e extrema objetividade, valendo-nos na desestruturação
momentânea do sistema oposto, surpreendido pela reversãoinesperada do fluxo da ação.
_Ahn?
_É pra dividir no meio e ir pra cima pra pega eles sem calça.
_Certo. Você quis dizer mais alguma coisa?
_Posso dirigir uma mensagem de caráter sentimental, algo banal,
talvez mesmo previsível e piegas, a uma pessoa à qual sou ligado
por razões, inclusive, genéticas?
_Pode.
_Uma saudação para a minha progenitora.
_Como é?
_Alô, mamãe!
_Estou vendo que você é um, um...
_Um jogador que confunde o entrevistador, pois não corresponde à expectativa de que o atleta seja um ser algo primitivo com dificuldade de expressão e assim sabota a estereotipação?
_Estereoquê?
_Um chato?
_Isso.”
(Luis Fernando Veríssimo)
_Minha saudação aos aficionados do clube e aos demais esportistas, aqui presentes ou no recesso de seus lares.
_Como é?
_Aí, galera.
_Quais são as instruções do técnico?
_Nosso treinador vaticinou que, com um trabalho de contenção coordenada, com energia otimizada, na zona de preparação, aumentam as probabilidades de, recuperado o esférico, concatenarmos um contragolpe agudo, com parcimônia de meios e extrema objetividade, valendo-nos na desestruturação
momentânea do sistema oposto, surpreendido pela reversãoinesperada do fluxo da ação.
_Ahn?
_É pra dividir no meio e ir pra cima pra pega eles sem calça.
_Certo. Você quis dizer mais alguma coisa?
_Posso dirigir uma mensagem de caráter sentimental, algo banal,
talvez mesmo previsível e piegas, a uma pessoa à qual sou ligado
por razões, inclusive, genéticas?
_Pode.
_Uma saudação para a minha progenitora.
_Como é?
_Alô, mamãe!
_Estou vendo que você é um, um...
_Um jogador que confunde o entrevistador, pois não corresponde à expectativa de que o atleta seja um ser algo primitivo com dificuldade de expressão e assim sabota a estereotipação?
_Estereoquê?
_Um chato?
_Isso.”
(Luis Fernando Veríssimo)
A primeira gramática da língua
portuguesa foi publicada em Portugal, no ano de 1536. Reflexo do momento
histórico - a Europa vivia o auge do movimento renascentista -, apresentava um
conceito clássico de gramática: “a arte de falar e escrever corretamente”. Em
outras palavras: só falava e escrevia bem quem seguisse o padrão imposto pela
gramática normativa, o chamado nível ou padrão formal culto. Quem fugisse desse
padrão incorria em erro, não importando o que, para quem e para que se estava
falando. Qualquer que fosse o interlocutor, o assunto, a situação, a intenção
do falante, era o padrão formal culto que deveria ser seguido.
Hoje, entende-se que o uso que cada
indivíduo faz da língua depende de várias circunstâncias: do que vai ser falado
e de que forma, do contexto, do nível social e cultural de quem fala e de para
quem se está falando. Isso significa que a linguagem do texto deve ser adequada
à situação, ao interlocutor e a intencionalidade do falante.
Voltemos ao texto acima (Aí, galera).
As falas do jogador de futebol são inadequadas ao contexto: a seleção
vocabular, a combinação das palavras, a estrutura sintática e a frase extensa
(releia, por exemplo, a terceira resposta do jogador, num único longo período)
fogem da situação a que a fala está relacionada, ou seja, uma entrevista dada
ainda no campo de jogo durante um programa esportivo. E o mais curioso é que o
jogador tem nítida consciência de qual é a função da linguagem e de qual é o seu
papel como falante, tanto que, ante a surpresa do entrevistador, passa do
padrão formal culto para o padrão coloquial, mais adequado àquela situação:
“_Uma saudação para a minha progenitora.”
Tradução, em linguagem coloquial: “_Alô, mamãe!”
Tradução, em linguagem coloquial: “_Alô, mamãe!”
Assim, podemos reconhecer em uma
mesma comunidade que utiliza um único código – a língua portuguesa, por exemplo
– vários níveis e formas de expressão.
Padrão Formal Culto e Padrão
Coloquial
De maneira geral, podemos distinguir
o padrão coloquial do padrão formal culto.
Padrão Formal Culto –
é a modalidade de linguagem que deve ser utilizada em situações que exigem
maior formalidade , sempre tendo em conta o contexto e o interlocutor.
Caracteriza-se pela seleção e combinação das palavras, pela adequação a um
conjunto de normas, entre elas, a concordância, a regência, a pontuação, o
emprego correto das palavras quanto ao significado, a organização das orações e
dos períodos, as relações entre termos, orações, períodos e parágrafos.
Padrão Coloquial –
faz referência à utilização da linguagem em contextos informais, íntimos e
familiares, que permitem maior liberdade de expressão. Esse padrão mais
informal também é encontrado em propagandas, programas de televisão ou de
rádio, etc.
3.
Funções da Linguagem
As funções da linguagem são seis:
a) Função referencial ou denotativa;
b) Função emotiva ou expressiva;
c) Função Fática;
d) Função conativa ou apelativa;
e) Função metalingüística;
f) Função poética,
b) Função emotiva ou expressiva;
c) Função Fática;
d) Função conativa ou apelativa;
e) Função metalingüística;
f) Função poética,
Leia os textos a seguir:
Texto A
A índia Everon, da tribo Caiabi, que
deu a luz a três meninas, através de uma operação cesariana, vai ter alta
depois de amanhã, após ter permanecido no Hospital Base de Brasília desde o dia
16 de março. No início, os índios da tribo foram contrários à idéia de Everon
ir para o hospital mas hoje já aceitam o fato e muitos já foram visitá-la.
Everon não falava uma palavra de Português até ser internada e as meninas serão
chamadas de Luana, Uiara e Potiara.
Jornal da Tarde, 13 jul. 1982
Jornal da Tarde, 13 jul. 1982
Texto B
Uma morena
Não ofereço perigo algum: sou quieta
como folha de outono esquecida entre as páginas de um livro, sou definida e
clara como o jarro com a bacia de ágata no canto do quarto – se tomada com
cuidado, verto água limpa sobre as mãos para que se possa refrescar o rosto
mas, se tocada por dedos bruscos, num segundo me estilhaço em cacos, me
esfarelo em poeira dourada. Tenho pensado se não guardarei indisfarçáveis
remendos das muitas quedas, dos muitos toques, embora sempre os tenha evitado
aprendi que minhas delicadezas nem sempre são suficientes para despertar a
suavidade alheia, mesmo assim insisto: meus gestos, minhas palavras são
magrinhos como eu, e tão morenos, que esboçados a sombra, mal se destacam do
escuro, quase imperceptível me movo, meus passos são inaudíveis feito pisasse
sempre sobre tapetes, impressentida, mãos tão leves que uma carícia minha, se
porventura a fizesse, seria mais branda que a brisa da tardezinha. Para beber,
alem do chá, raramente admito um cálice de vinho branco, mas que seja seco para
não esbrasear em excesso minha garganta em ardores...
ABREU, Caio Fernando. Fotografias. In: Morangos mofados. 2. ed. São Paulo, Brasiliense, 1982. p. 93
ABREU, Caio Fernando. Fotografias. In: Morangos mofados. 2. ed. São Paulo, Brasiliense, 1982. p. 93
Texto C
_ Você acha justo que se comemore o
Dia Internacional da mulher?
_ Nada mais justo! Afinal de contas, você está entendendo, a mulher há séculos, certo, vem sendo vítima de exploração e discriminação, concorda? Já houve alguns avanços, sabe, nas conquistas femininas. Você percebeu? Apesar disso, ainda hoje a situação da mulher continua desfavorável em relação à do homem, entende?
_ Nada mais justo! Afinal de contas, você está entendendo, a mulher há séculos, certo, vem sendo vítima de exploração e discriminação, concorda? Já houve alguns avanços, sabe, nas conquistas femininas. Você percebeu? Apesar disso, ainda hoje a situação da mulher continua desfavorável em relação à do homem, entende?
Texto D
Mulher, use o sabonete X.
Não dispense X: ele a tornará tão bela quanto à
estrelas de cinema.
Não dispense X: ele a tornará tão bela quanto à
estrelas de cinema.
Texto E
Mulher. [Do lat. Muliere.] S. f. 1.
Pessoa do sexo feminino após a puberdade.
[Aum.: mulherão, mulheraça, mulherona.] 2. Esposa.
[Aum.: mulherão, mulheraça, mulherona.] 2. Esposa.
Texto F
A mulher que passa
Meu Deus, eu quero a mulher que
passa.
Seu dorso frio é um campo de lírios
Tem sete cores nos seus cabelos
Sete esperanças na boca fresca!
Seu dorso frio é um campo de lírios
Tem sete cores nos seus cabelos
Sete esperanças na boca fresca!
Oh! Como és linda, mulher que passas
Que me sacia e suplicias
Dentro das noites, dentro dos dias!
Que me sacia e suplicias
Dentro das noites, dentro dos dias!
Teus sentimentos, são poesia.
Teus sofrimentos, melancolia.
Teus pêlos leves são relva boa
Fresca e macia.
Teus belos braços são cisnes mansos
Longe das vozes da ventania.
Teus sofrimentos, melancolia.
Teus pêlos leves são relva boa
Fresca e macia.
Teus belos braços são cisnes mansos
Longe das vozes da ventania.
Meu Deus, eu quero a mulher que
passa!
MORAIS, Vinícius de. A mulher que
passa. In:____. Antologia poética. 4. ed. Rio de Janeiro, Ed. Do autor, 1960.
p.90.
Todos os textos lidos, o tema é um
só: mulher. No entanto, a maneira de cada autor varia. O que provoca essa
diversificação é o objetivo de cada emissor, que organiza sua mensagem
utilizando uma fala específica. Portanto, cada mensagem tem uma função predominante,
de acordo com o objetivo do emissor.
A – Função Referencial ou denotativa
No texto A, a finalidade é apenas
informar o receptor sobre um fato ocorrido. A linguagem é objetiva, não
admitindo mais de uma interpretação. Quando isso acontece, predomina a função
referencial ou denotativa da linguagem.
Função referencial ou denotativa é
aquela que traduz objetivamente a realidade exterior ao emissor.
B – Função emotiva ou expressiva
No texto B, descrevem-se as sensações
da mulher, que faz uma descrição subjetiva de si mesmo. Nesse caso, em que o
emissor exterioriza seu estado psíquico, predomina a função emotiva da
linguagem, também chamada de função expressiva.
Função emotiva ou expressiva é aquela
que traduz opiniões e emoções do emissor.
C – Função Fática
No texto C, o emissor utiliza
expressões que tentam prolongar o contato com o receptor, testando
freqüentemente o canal
Neste caso, predomina a função fática
da linguagem.
Função fática é aquela que tem por
objetivo iniciar, prolongar ou encerrar o contato com o receptor.
D – Função conativa ou apelativa
A mensagem do primeiro texto contém
um apelo que procura influir no comportamento do receptor. Messe caso ,
predomina a função conativa ou apelativa.
São características dessa função:
a) verbos no imperativo;
b) presença de vocativos;
c) pronomes de 2ª pessoa.
b) presença de vocativos;
c) pronomes de 2ª pessoa.
Função conativa ou apelativa é aquela
que tem por objetivo influir no comportamento do receptor, por meio de um apelo
ou ordem.
E – Função metalingüística
O texto E, é a transição de um
verbete de um dicionário.
Essa mensagem explica um elemento do código – a palavra mulher – utilizando o próprio código nessa explicação. Quando a mensagem visa a explicar o próprio código ou utiliza-o como assunto, predomina a função metalingüística da linguagem.
Essa mensagem explica um elemento do código – a palavra mulher – utilizando o próprio código nessa explicação. Quando a mensagem visa a explicar o próprio código ou utiliza-o como assunto, predomina a função metalingüística da linguagem.
Função metalingüística é aquela que
utiliza o código como assunto ou para explicar o próprio código.
F – Função Poética
A preocupação intencional do emissor
com a mensagem, ao elabora-la, caracteriza a função poética da linguagem
Função poética é aquela que enfatiza
a elaboração da mensagem, de modo a ressaltar seu significado.
É importante observar que nenhum
texto apresenta apenas uma única função da linguagem. Uma função sempre predomina
num texto, mas nunca é exclusiva.
4.
Gêneros e Tipos textuais
Os gêneros textuais
Ao depararmos com um texto que se
inicia com “Querido Fulano, escrevo...”, sabemos que se trata de um bilhete ou
de uma carta de caráter pessoal. Se o texto se iniciar com “Prezados Senhores,
venho por meio...”, sabemos que se trata de uma correspondência formal. Se você
colocar na situação de remetente, saberá como iniciar a carta, porque todos nós
temos um modelo de carta na mente; isso é tão marcante que uma pessoa não
alfabetizada tem interiorizado esse modelo e, se tiver de ditar uma carta para
que o outro escreva, saberá o que precisa ser dito e como deve ser dito. O
filme Central do Brasil, em que uma professora aposentada vive de escrever
cartas ditadas por pessoas não alfabetizadas, exemplifica muito bem essa
situação.
Da mesma forma, se depararmos com um
texto que se inicia com “Alô? quem fala?”, sabemos que se trata de uma conversa
telefônica. O mesmo ocorre ao lermos uma bula de remédio, as instruções
de uso de um produto qualquer, um horóscopo, um cardápio de restaurante, etc.
Como já vimos, os textos desempenham
papel fundamental em nossa vida social, já que estamos nos comunicando o tempo
todo. No processo comunicativo, os textos têm função e cada esfera de
utilização de língua, cada campo de atividade, elabora determinados tipos de
textos que são estáveis, ou seja, se repetem tanto no assunto, como na função,
no estilo, na forma. É isso que nos permite reconheceram texto como carta, ou
bula de remédio, ou poesia, ou notícia jornalística, por exemplo.
O que é falado, a maneira como é
falado e a forma que é dada ao texto são características diretamente ligadas ao
gênero. Como as situações de comunicação em nossa vida social são inúmeras,
inúmeros são os gêneros textuais: bilhete, carta pessoal, carta comercial,
telefonema, notícia jornalística, editorial de jornais e revistas, horóscopo,
receita culinária, texto didático, ata de reunião, cardápio, palestra, resenha
crítica, bula de remédio, instruções de uso, e-mail, aula expositiva, piada,
romance, conto, crônica, poesia, verbete de enciclopédias e dicionários, etc.
Identificar o gênero textual é um dos
primeiros passos para uma competente leitura de texto. Pense numa situação bem
corriqueira: um colega se aproxima e começa a contar algo que, em determinado
momento, passa a soar esquisito, até que um dos ouvintes indaga “è piada ou
você está falando sério?”. Observe que o interlocutor quer confirmar o gênero
textual, uma vez que, dependendo do gênero, temos um ou outro entendimento.
Tipos Textuais
Os textos, independentemente do
gênero a que pertencem, se constituem de seqüências com determinadas
características lingüísticas, como classe gramatical predominante, estrutura
sintática, predomínio de determinados tempos e modos verbais, relações lógicas.
Assim, dependendo dessas características, temos os diferentes tipos textuais.
Como já vimos, os gêneros textuais
são inúmeros, dependendo da função de cada texto e das diferentes situações
comunicacionais. O mesmo não acontece com os tipos textuais, que são poucos:
Texto narrativo: Narrar
é discorrer dos fatos. É contar. Consiste na elaboração de um texto que relate
episódios, acontecimentos.
“O fiscal da alfândega não podia
entender por que aquela velhinha viajava tanto. A cada dois dias, vinha
ela pilotando uma motocicleta e ultrapassava a fronteira. Fora interceptada
inúmeras vezes, fiscalizada e nada. O fiscal alfandegário não se conformou com
aquilo.
_Que traz a senhora aí?
_Nada não, senhor!
A cena que se repetia com tanta freqüência intrigava o pobre homem.
Não se conteve:
_Não é por nada, não; me faz um favor, dona: Não vou lhe multar, nem nada; é só por curiosidade, a senhora está contrabandeando o quê?
_Seu fiscal, o senhor já desmontou a moto e nada achou, que quer mais?
_Só pra saber, dona!
_Ta bem, eu conto: o contrabando é a moto, moço!”
_Nada não, senhor!
A cena que se repetia com tanta freqüência intrigava o pobre homem.
Não se conteve:
_Não é por nada, não; me faz um favor, dona: Não vou lhe multar, nem nada; é só por curiosidade, a senhora está contrabandeando o quê?
_Seu fiscal, o senhor já desmontou a moto e nada achou, que quer mais?
_Só pra saber, dona!
_Ta bem, eu conto: o contrabando é a moto, moço!”
Texto Descritivo: Descrever
é traduzir com palavras aquilo que se viu e observou. É a representação, por
meio das palavras, de um objeto ou imagem.
“O céu era verde sobre o gramado,
a água era dourada sob as pontes,
outros elementos eram azuis, róseos, alaranjados”
(Carlos Drummond de Andrade)
a água era dourada sob as pontes,
outros elementos eram azuis, róseos, alaranjados”
(Carlos Drummond de Andrade)
Texto dissertativo: Dissertar
é tratar com desenvolvimento um ponto doutrinário, um tema abstrato, um assunto
genérico. Ou seja, Dissertar é expor idéias em torno de um problema qualquer.
“Os meios de comunicação de massa
devem alterar, nas próximas duas ou três décadas, uma boa parte da fisionomia
do mundo civilizado e das relações entre os homens e povos.
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