José Carlos de Azeredo em Iniciação à sintaxe do português pretende fazer uma análise crítica do
modelo tradicional no qual é visto a sintaxe, assim como, sugere rumos de
análise que visam a um melhor desempenho tanto do professor de português quanto
do aluno em sala de aula.
Portanto, pretende-se fazer aqui uma resenha descritiva do
quarto capítulo da obra mencionada, que tem como título Categorias da
descrição gramatical e
divide-se em oito subtítulos, sendo o primeiro Frase e Oração, onde
o autor defende que frase é o menor texto possível e a oração, centrada em um
verbo, articulada com o sujeito e o predicado. Azeredo também menciona as
interjeições como possuidoras de sentido completo, conforme o contexto em que
são utilizadas, assim como, as frases imperativas, exclamativas e
interrogativas.
Já o segundo subtítulo, Hierarquia
gramatical, mostra
que na língua portuguesa existe uma hierarquia entre as unidades do sistema que
é representado em ordem crescente por morfema, vocábulo, sintagma, oração e
período. Para fazer uma análise gramatical é necessário conhecer essas unidades
e suas regras de combinação. Azeredo afirma que o nível dos morfemas e dos
vocábulos é estudado pela morfologia, enquanto a oração e o período são
estudados pela sintaxe, deixando órfão o nível dos sintagmas que, para o autor,
são os verdadeiros constituintes da oração, pois é através deles que as orações
se formam.
Vale ressaltar que se as sequências que não podem ser
substituídas por unidades simples no interior das orações também são sintagmas.
Como mencionado, existem algumas regras de combinação entre os níveis
hierárquicos, assim a unidade de nível mais inferior pode combinar com uma de
nível superior, como em um período – a maior unidade da estrutura gramatical –
que será divido em três sintagmas, como em “O prisioneiro desatou o nó das
cordas com os dentes”, sendo “o prisioneiro” o primeiro sintagma, “desatou o nó
das cordas” o segundo e “com os dentes” o terceiro sintagma.
Porém, vale lembrar que o sintagma nem sempre resultará da
junção de vocábulos, pois este nem sempre resultará da união de morfemas.
Assim, cada unidade cria um contexto para a presença de outra. Para encerrar o
segundo subtítulo, Azeredo cita o conceito de período firmado por Lyons (1979),
onde o mesmo afirma ser esta a “unidade gramatical entre cujas partes
constituintes se podem estabelecer as dependências e limitações
distribucionais, mas que não pode por si mesma ser colocada em nenhuma classe
distribucional”.
Intitulado de As classes
gramaticais, o
terceiro subtítulo traz a informação de que as classes gramaticais,
tradicionalmente, são definidas pelas suas propriedades semânticas, sintáticas
e morfológicas. Há, entretanto, dois grupos de uma língua, sendo o das palavras
nocionais e o dos instrumentos gramaticais. Os vocábulos peixe, comer,
inseto, cair e lagoa são palavras nocionais, enquanto, esses, que, os, na, são
instrumentos gramaticais, pois, ao uni-los, temos “esses peixes comem os
insetos que caem na lagoa”. Assim, dentro dessas classes fundamentais temos os
nomes, os conectivos, as locuções conjuntivas, o artigo e os numerais.
O quarto subtítulo dispõe sobre As classes de sintagmas estabelecidas por sintagma nominal
(SN), sintagma verbal (SV), sintagma adjetivo (SAdj), sintagma preposicional
(SPrep) e sintagma adverbial (Sadv), entretanto, essas classes serão abordadas
somente no quinto capítulo do livro, não cabendo aqui estudá-las.
Quanto ao tópico A Transposição, o quinto subtítulo,
explica ser “um processo sintagmático de formação de sintagmas ou constituintes
de distribuição distinta das entidades a partir das quais se formam”, portanto,
são chamados de transpositores àqueles elementos que materializam a
transposição.
Alguns sintagmas, como SNs, SAdjs e SAdvs, são formados
por transposição, segundo Azeredo. “Os sintagmas transpostos conservam os
constituintes oracionais e estes as funções que exercem no interior da oração”,
portanto, neles é possível encontrar sujeitos e objetos, predicadores e
modificadores.
A fim de esclarecer A Oração, o sexto subtítulo dispões de
alguns conceitos de oração e período, afirmando que o primeiro é a unidade
gramatical centrada em um verbo e o segundo é a unidade gramatical formada de,
no mínimo, uma oração e que também pode funcionar como frase. Entretanto, o
último conceito coincide com o primeiro, apenas se diferenciando que quando
duas ou mais orações se ligam coordenativamente. Assim, toda oração possui um
predicado, formado de um verbo predicador ou de um verbo transpositor,
influenciando na análise da oração em dois constituintes, o sujeito e o
predicado.
O sétimo subtítulo, Predicadores, afirma ser este indispensável à
existência de uma oração, tendo como componente lexical o predicador. Portanto,
aquele que reúne componentes lexicais e gramaticais é chamado de verbo
predicador que pode ser transitivo ou intransitivo.
O último subtítulo, Os Processos
Sintáticos, expõe
que palavras, sintagmas e orações se associam no discurso e para que haja
coesão textual são utilizados transpositores, pronomes pessoais, demonstrativos
e possessivos, advérbios, concordância e outros. Essas associações podem se
estabelecer entre os constituintes da oração (sintáticas) e entre as orações (discursivas
stricto sensu), assim, se essa ligação é sintática, aparecerá por meio de
subordinantes; se é discursiva stricto
sensu, através de coordenantes; e se é discursiva lato sensu, será expressa por operadores discursivos. Assim,
Azeredo encerra o quarto capítulo de Iniciação
à sintaxe do português.
Bibliografia
AZEREDO, José Carlos de. Iniciação
à sintaxe do português. 6.ed.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2000. p.30-53.
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