O emprego pelo homem pré-histórico de materiais como o bronze e
o ferro, que deram nome ao período
conhecido como idade dos metais,
e o abandono gradual dos instrumentos de pedra representaram um importante
salto qualitativo no processo cultural.
Chama-se idade dos metais o período caracterizado pela
generalização do uso de instrumentos metálicos. No sistema proposto no século
XIX por arqueólogos escandinavos, a pré-história pode ser ordenada em estágios
sucessivos de desenvolvimento tecnológico, segundo os instrumentos empregados.
Assim, à idade da pedra se segue a idade dos metais, que abrange as idades do
bronze e do ferro. No entanto, o conhecimento dos metais não ocorreu
simultaneamente nas diferentes regiões do mundo antigo. Na Grécia, por exemplo,
a idade dos metais começou antes de 3000 a.C., enquanto na China isso se deu
por volta de 1800 a.C.
Origens
O período de transição entre o período neolítico (fase da pedra polida) e a idade do
bronze é comumente denominado calcolítico, ou idade do cobre. Embora
inicialmente raro, o cobre já era utilizado no leste da Anatólia em 6500 a.C.,
e seu uso logo se generalizou. A necrópole pré-hitita de Alaca ostenta
estatuetas de cervos e touros de cobre, além de numerosas peças de ourivesaria
e joalheria.
Mais ou menos em 3500 a.C., o rápido desenvolvimento da
metalurgia contribuiu para a urbanização naMesopotâmia.
Por volta de 3000 a.C., o uso do cobre, já comum no Oriente Médio, começou a
atingir as culturas neolíticas do continente europeu. Foi usado na Hungria e na
Espanha, regiões ricas em minérios desse metal, e difundido na Europa por
tribos nômades. Entretanto, foi o bronze -- liga de cobre e estanho --,
introduzido por artesãos vindos da Ásia em busca de estanho, que revolucionou a
Europa. Em pouco tempo, floresceu na Europa central, na Espanha e na Inglaterra
a idade do bronze, enriquecida pelo intercâmbio com Creta.
Idade do bronze
O calcolítico pode ser considerado como parte da idade do
bronze, mas essa liga foi muito raramente utilizada no período. A idade do
bronze se desenvolveu de fato entre 4000 e 2000 a.C. Na Europa, estendeu-se até
o século XII a.C., quando os grandes movimentos celtas para lá levaram o
conhecimento do ferro.
Por volta de 2000 a.C., Biblos, porto da costa fenícia de
influência egípcia, era importante centro metalúrgico do bronze. Ali foram
encontrados sarcófagos de reis vassalos ou aliados dos faraós da XII dinastia,
com vasos de prata, harpas de bronze, facas e punhais. Em Ugarit (Ras-Shamra),
ao norte da Síria, o emprego do bronze, introduzido no fim do terceiro milênio,
difundiu-se muito rapidamente e alcançou o apogeu na época do novo império
egípcio e da expansão miceniana na Síria.
Em 1500 a.C. aproximadamente, a metalurgia florescia na
Europa, onde espadas, pulseiras e grampos eram às vezes trabalhados com
técnicas artísticas. O motivo predominante nas obras da idade do bronze era a
espiral, e na Alemanha e na Escandinávia a ela se acrescentaram as estilizações
de animais, principalmente o cisne.
A divisão cronológica da idade do bronze provocou bastante
polêmica, devido à presença de culturas diversas em territórios muito
diferentes. Finalmente, os estudiosos decidiram estabelecer três fases: bronze
antigo, médio e recente.
Nas culturas do mar Egeu, o bronze, o estanho, o ouro e a
prata generalizaram-se na última metade do terceiro milênio nos vasos e na
joalheria. Em Creta e nas Cíclades, o bronze antigo vai de 2700 a 2100 a.C. e,
no continente, de 2500 a 1900 a.C.
O bronze médio, que se estende até 1600 a.C., tem início
em 2700 a.C. em Creta, e no ano 2000 a.C no continente. Durante esse período,
as artes do metal apresentam grande progresso em termos de dimensão das armas e
de abundância de vasos e utensílios de bronze. Do bronze recente, que vai de
1600 a 1200 a.C., restaram vários depósitos de armas e objetos.
Ourivesaria: colar de ouro da idade do bronze
Idade do ferro
Último estágio tecnológico e cultural da pré-história e da
idade dos metais, a idade do ferro é o período em que esse metal substitui o
bronze na fabricação de utensílios e armas. Seu início também varia de acordo
com a região geográfica. No Oriente Médio e no sudeste da Europa, começou
aproximadamente em 1200 a.C., mas na China somente em 600 a.C.
Embora no Oriente Médio, por exemplo, o ferro tenha sido
utilizado de forma limitada como um metal raro e precioso pelo menos até 3000
a.C. não há indicação alguma de que tivesse sido apreciado pelas qualidades que
o diferenciam do cobre. Entre 1200 e 1000 a.C., no entanto, o intercâmbio da
metalurgia e de objetos de ferro ocorreu de forma rápida e abrangente.
A produção em grande escala de utensílios de ferro
permitiu novas formas de ocupação sedentária da terra. Por outro lado, a
utilização do metal na fabricação de armas permitiu que pela primeira vez as
populações se armassem e promovessem movimentos que, durante os dois mil anos
seguintes, mudaram a face da Europa e da Ásia.
A idade do ferro européia tem sido dividida em duas etapas
diferentes, conhecidas pelo nome de dois importantes sítios arqueológicos: o
Hallstatt, na Áustria, e o La Tène, na Suíça.
Cultura
Hallstatt. A primeira idade do ferro, ou cultura Hallstatt, se
desenvolveu entre os séculos XI e V a.C. e representou o primeiro florescimento
da cultura dos celtas. Teve origem nas regiões central e ocidental da Europa,
onde se encontraram mais de dois mil túmulos, em escavações realizadas no fim
do século XVII.
A maior parte desses túmulos se classifica em dois grupos,
relativos a uma fase inicial (1050 a 750 a.C.) e uma final (750 a 450 a.C.).
Perto do cemitério havia uma mina pré-histórica de sal e, devido à capacidade
de preservação do sal, conservaram-se implementos, partes de vestimentas e até
mesmo os corpos dos mineiros.
Os resquícios encontrados em Hallstatt são geralmente
divididos em quatro fases (A, B, C e D), embora haja controvérsia entre
estudiosos sobre sua delimitação. Na fase A, o ferro era raro e somente na fase
C seu uso se generalizou. Entre os muitos objetos de ferro dessa terceira fase,
encontraram-se longas e pesadas espadas de ferro e bronze com ponteiras
floreadas, além do machado Hallstatt. A fase D, de que não há vestígios na
região leste da Áustria, durou até o surgimento da cultura La Tène em outras
áreas.
A arte Hallstatt é rigidamente geométrica em termos de
estilo e evoluiu muito mais em termos técnicos que estéticos. Há uma tendência
generalizada para o extravagante, e os motivos decorativos são
preferencialmente simétricos.
Armas usadas na idade dos metais
Cultura
La Tène. O
segundo período do ferro europeu, chamado cultura La Tène, teve início em
meados do século V a.C., quando os celtas entraram em contato com as
influências gregas e etruscas do sul dos Alpes e se expandiram pela maior parte
do norte da Europa e das ilhas britânicas. A cultura La Tène marca o apogeu da
cultura dos celtas e se estende até o século I a.C., quando eles perderam sua
independência para os romanos.
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