Este trabalho conta a história da
civilização romana, desde a monarquia, passando pela república até chegar ao
Império Romano.
A
Monarquia Romana
Por volta do século VII a.C., os
etruscos impuseram seu domínio aos italiotas, e a aldeia romana acabou-se por
tornar uma cidade.
Ao adquirir características de
cidade, Roma iniciou um processo de organização político-social que resultou na
Monarquia.
Política: as instituições romanas
Durante a monarquia, Roma foi
governada por rei, senado e Assembléia Curial.
O rei era juiz, chefe militar e
religioso. No desempenho de usas funções, submetia-se a fiscalização da
Assembléia Curial e do Senado.
São conhecidos sete reis romanos:
Rômulo, Numa Pompílio, Túlio Hostílio, Anco Márcio, Tarquínio Prisco (o
Antigo), Sérvio Túlio e Tarquínio ( o Soberbo). Provavelmente deve ter
existidos outros reis porém não há comprovação histórica. Dos reis citados acima
quatro eram italiotas e os três últimos eram etruscos.
O senado era um
conselho formado por cidadãos idosos, responsáveis pela chefia das grandes
famílias (genos).As principais funções do Senado eram: propor novas leis e
fiscalizar as ações dos reis.
A Assembléia Curial compunha-se
de cidadãos agrupados em cúrias*. Seus membros eram soldados em condições de
servir o exército. A Assembléia tinha como principais funções: eleger altos
funcionários, aprovar ou rejeitar leis, aclamar o rei.
Sociedade: a divisão de classes
A sociedade romana estava dividida na
seguintes categorias:
Patrícios: eram
os cidadãos romanos, grandes proprietários de terras, rebanhos e escravos.
Desfrutavam de direitos políticos e podiam desempenhar funções públicas no
exército, na religião, na justiça, na administração;
Clientes: homens
livres que se associavam aos patrícios, prestando-lhes diversos serviços
pessoais em troca de auxílio econômico e proteção social;
Plebeus: homens
livres que se dedicavam ao comércio, ao artesanato e ao trabalho agrícola. A
plebe representava a maioria da população romana, sendo constituída de
imigrantes vindos , sobretudo, de regiões conquistadas pelos romanos. Durante o
período monárquico , os plebeus não tinham direitos de cidadão, isto é, não
podiam exercer cargos públicos nem participar da Assembléia Curial;
Escravos: eram,
em sua maioria, prisioneiros de guerra. Trabalhavam nas mais diversas
atividades, como serviços domésticos e trabalhos agrícolas. Desempenhavam
funções de capatazes, professores, artesãos etc. O escravo era considerado bem
material, propriedade do senhor, que tinha o direito de castigá-lo, vendê-lo,
alugar seus serviços, decidir sobre sua vida ou morte.
Passagem para República
Apesar dos progressos que Roma vinha
alcançando com a Monarquia, no reinado de Tarquínio as famílias romanas
poderosas (os patrícios) ficaram insatisfeitas com as medidas adotadas por esse
rei etrusco em favor dos plebeus.
Para controlar diretamente o poder em
Roma, os patrícios, que formavam o Senado, rebelaram-se contra o rei,
expulsando-o estabelecendo uma nova organização política: a República.
A República Romana
Com a instalação da República, os
patrícios organizaram uma estrutura social e administrativa que lhes permitia
exercer domínio sobre Roma e desfrutar os privilégios do poder.
Os patrícios controlavam quase a
totalidade dos altos cargos da República. Esses cargos eram exercidos por dois
cônsules e outros importantes magistrados. Na chefia da República os cônsules
eram auxiliados pelo Senado, composto por trezentos destacados cidadãos
romanos. Havia, ainda, a Assembléia dos Cidadãos, manobrada pelos ricos patrícios.
Conflitos entre Patrícios e Plebeus
Embora os plebeus constituíssem a
maioria da população, eles não tinham direito de participar das decisões
políticas. Tinham deveres a cumprir: lutar no exército, pagar impostos etc.
A segurança de Roma dependia de um
exército forte e numeroso. Os plebeus eram indispensáveis na formação do
exército, uma vez que constituíam a maior parte da população.
Conscientes disso e cansados de tanta
exploração, os plebeus recusaram-se a servir o exército, o que representou duro
golpe na estrutura militar de Roma. Iniciaram uma longa luta política contra os
patrícios, que perdurou por mais de um século. Lutaram para conquistar
direitos, como o de participar de decisões políticas, exercer cargos da
magistratura ou casar-se com patrícios.
Conquistas da Plebe
Para retornar ao serviço militar, os
plebeus fizeram várias exigências aos patrícios e conquistaram direitos. Entre
eles encontrava-se a criação de um comício da plebe, presidido por um tribuno
da plebe. A pessoa do tribuno da plebe seria inviolável, pessoa protegida
contra qualquer violência ou ação da justiça. Ela teria também poderes
especiais para cancelar quaisquer decisões do governo que prejudicassem os
interesses da plebe.
Outras importantes conquistas obtidas
pela plebe foram:
Lei das Doze Tábuas (450
a.C) – Juízes especiais ( decênviros) decretariam leis escritas válidas para
patrícios e plebeus. Embora o conteúdo dessas leis fosse favorável aos
patrícios, o código escrito serviu para dar clareza às normas, evitando
arbitrariedades;
Lei Canuléia (445
a.C.) – autorizava o casamento entre patrícios e plebeus. Mas na prática só os
plebeus ricos conseguiam casar-se com patrícios.
Eleição dos magistrados plebeus (362
a.C.) – os plebeus conseguiram, lentamente, Ter acesso a diversas magistraturas
romanas. Em 336 a.C., elegeu-se o primeiro cônsul plebeu, era a mais alta
magistratura;
Proibição da escravidão por dívidas –
por volta de 366 a.C. foi decretada uma lei que proibia a escravização de
romanos por dívidas ( muitos plebeus haviam se tornado escravos dos patrícios
por causa de dívidas). Em 326 a.C., a escravidão de romanos foi definitivamente
abolida.
As diversas conquistas da plebe,
entretanto, não beneficiaram igualmente a todos os membros da plebe. Os cargos
políticos e os privilégios ficaram concentradas nas mãos da nobreza plebéia,
que passou a desprezar o homem pobre da plebe da mesma maneira que um elevado
patrício.
Conquistas Militares e expansão
territorial
A luta política entre patrícios e
plebeus não chegou a desestabilizar o poder republicano. Prova disso é que a
República romana expandiu notavelmente seu território através de várias
conquistas militares.
As primeiras evidências da expansão
militar consistiram no domínio completo da península itálica. Mais tarde,
tiveram inicio as guerras contra Cartago ( cidade no norte da África),
conhecidas como Guerras Púnicas* . Posteriormente veio a expansão pelo mundo
antigo.
Guerras Púnicas (
264-146 a.C.) – a principal causa das guerras púnicas foi disputa pelo controle
comercial do Mediterrâneo. Quando os romanos completaram o processo de
conquistas da península Itálica, Cartago era uma próspera cidade comercial que
possuía colônias no norte da África, na Sicília, na Sardenha e na Córsega. Era,
portanto, uma forte concorrente dos romanos . Para impor sua hegemonia
comercial e militar na região do Mediterrâneo, os romanos precisavam derrotar
Cartago. Após batalhas violentas, desgastantes e com duras perdas, os romanos
conseguiram arrasar Cartago em 146 a.C.
Expansão pelo mundo antigo –
eliminando a rival ( Cartago), os romanos abriram caminho para a dominação de
regiões do Mediterrâneo ocidental (Macedônia, Grécia, Ásia Menor). O mar
mediterrâneo foi inteiramente controlado pelos romanos que o chamavam de nare
nostrum ( nosso mar).
Conseqüências das conquistas
militares
As conquistas militares acabaram
levando a Roma a riqueza dos países dominados. O estilo de vida romano, antes
simples e modesto, evoluiu em direção ao luxuoso, ao requintado, ao exótico. A
elevação do padrão e do estilo de vida romano refletia-se na construção das
casas, no vestuários e na alimentação das classes dominantes. Mas o luxo e a
riqueza eram privilégios de uma minoria de patrícios e plebeus ricos.
No plano cultural, as conquistas
militares colocaram os romanos em contato com a cultura de outras civilizações.
Nesse sentido, deve-se destacar a grande influência dos gregos sobre os
romanos.
Á sociedade também sofreu
transformações. Os ricos nobres romanos, em geral pertencentes ao Senado,
tornaram-se donos de grandes latifúndios, que eram cultivados pelos escravos.
Obrigados a servir no exército romano, muitos plebeus regressaram a Itália de
tal modo empobrecidos que, para sobreviver, passaram a vender seus bens. Sem
terras, inúmeros camponeses plebeus emigraram para a cidade, engrossando a
massa de desocupados pobres e famintos.
Crise e fim da Republica
O aumento da massa de plebeus pobres
e miseráveis ornava cada vez mais tensa a situação social e política de Roma. A
sociedade dividia-se em dois grandes pólos. De um lado, o povo e seus líderes,
que reivindicavam reformas sociais urgentes. De outro a nobreza e grandes
proprietários rurais.
A reforma de Graco
Diante do clima de tensão, os irmãos
Tibério e Caio Graco, que eram tributos da plebe, tentaram promover uma reforma
social (133-132 a.C.) para melhorar as condições de vida da massa plebéia.
Entre outras medidas, propuseram a distribuição de terras entre camponeses
plebeus e limitações ao crescimento dos latifúndios. Sofreram então forte
oposição do Senado romano. Acabaram sendo assassinados a mando dos nobres, que
se sentiram ameaçados pelo apoio popular que os irmãos vinham recebendo.
Fracassadas as reformas sociais dos
irmãos Graco, a política, a economia e a sociedade romanas entraram num período
de grande instabilidade.
A transição para o império
Com o agravamento da crise,
tradicionais instituições foram questionadas, e um clima de desordem e agitação
foi tomando conta da vida das cidades. Diversos chefes militares entraram,
sucessivamente, em luta pelo poder, marcando o processo de transição para o
império. Entre os principais acontecimentos desse processo destacam-se:
Em 107 a.C., o general Caio Mário
tornou-se cônsul. Reformou o exército, instituindo o pagamento de salário
(soldo) para os soldados.
Em 82 a.C., o general Cornélio Sila,
representando a nobreza, derrotou Caio Mário e instituiu um governo ditatorial.
Em 79 a.C., Sila foi forçado a deixar
o poder devido a seu estilo antipopular de governo, pois a situação social
estava incontrolável.
Em 60 a.C.estabeleceu-se o Primeiro
Triunvirato*, formado por Crasso, Julio César e Pompeu para governar Roma.
Pouco tempo depois de assumir o poder, Crasso foi assassinado. Surgiu, então,
séria rivalidade entre Pompeu e Julio César. César saiu vitorioso e tornou-se
ditador supremo de Roma.Promoveu, durante o seu governo, diversas reformas
sociais para controlar a situação. Em 44 a.C. foi assassinado por uma conspiração
organizada por membros do Senado.
Em 43 a.C., estabeleceu-se o Segundo
Triunvirado, composto por Marco Antonio, Otávio e Lépido. O poder foi dividido
entre os três: Lépido ficou com os territórios africanos, mas depois foi
forçado a retirar-se da política; Otávio ficou responsável pelos territórios
ocidentais; e Marco Antonio assumiu o controle dos territórios do Oriente.
Surgiu intensa rivalidade entre Otavio e Marco Antonio, que se apaixonara pela
rainha Cleópatra, do Egito. Declarando ao Senado que Marco Antonio pretendia
formar um império no Oriente, Otavio conseguiu o apoio dos romanos para
derrotá-lo. Assim, tornou-se o grande senhor de Roma.
O Império Romano
A partir de 27 a.C., Otávio foi
acumulando poderes e títulos, entre eles o de augusto, e o de imperador.
Otávio Augusto tornou-se, na prática,
rei absoluto de Roma . Mas não assumiu oficialmente o título de rei e permitiu
que as instituições republicanas (Senado, Comício Centurial e Tribal etc.)
continuasse existindo na aparência.
Alto Império ( 27 a.C. - 235 d.C):
O alto império foi a fase de maior
esplendor desse período.
Durante o longo governo de Otávio
Augusto ( 27 a.C.-14 d.C.), uma série de reformas sociais administrativas foi
realizada. Roma ganhou em prosperidade econômica. O imenso império passou a
desfrutar um período de paz e segurança, conhecido como Pax Romana.
Após a morte de Otavio Augusto , o
trono romano foi ocupado por vários imperadores, que pode ser agrupados em
quatro dinastias:
- Dinastia dos Julios-Claudius (14-68) – Tibério, Calígula, Claudio e
Nero;
- Dinastia dos Flávios (69-96) –Vespasiano e Domiciano;
- Dinastia dos Antoninos (96-192) – Nerva, Trajano, Adriano, Marco
Arélio, Antinino Pio e Cômodo.
- Dinastia dos Severos (193-235) – Sétimo, Severo, Caracala, Macrino,
Heliogábalo e Severo Alexandre.
Baixo Império (235-476)
O baixo império corresponde à fase
final do período imperial. Costuma ser subdividido em:
Baixo Império pagão (235-305)
– período em que dominava as religiões não-cristãs.Destacou-se o reinado de
Dicleciano, que dividiu o governo do enorme império entre quatro imperadores
(tetrarquia) para facilitar a administração. Esse sistema de governo,
entretanto não se consolidou.
Baixo Império Cristão (306-476)
– nesse período, destacou-se o reinado de Constantino, que através do Edito de
Milão, concedeu liberdade religiosa aos cristãos. Consciente dos problemas de
Roma, constantino decidiu mudar a capital do império para a parte oriental.
Para isso remodelou a antiga Bizâncio ( cidade fundada pelos gregos) e fundou
Constantinopla, que significava "cidade de Constantino"
Crise do Império Romano
O Baixo Império foi sendo corroído
por uma longa crise social, econômica e política. Entre os fatores que
contribuíram para essa crise, destacam-se:
- Elevados gastos públicos para sustentar a imensa estrutura
administrativa e militar;
- Aumento dos impostor para custear as despesas do exército e da
burocracia administrativa;
- Crescimento do número de miseráveis entre a plebe, os comerciantes
e os camponeses;
- Desordens sociais e políticas provocadas por rebeliões tanto das
massas internas quanto dos povos submetidos.
Agravando ainda mais essa situação
social e econômica, os romanos tiveram de enfrentar a pressão dos povos
bárbaros*. Chegou um momento em que os romanos perceberam que os soldados
encarregados de defender Roma vinham dos próprios povos contra os quais eles
(romanos) combatiam.
Divisão e Declínio do Império e
Invasão Bárbara
Com a morte de Teodósio, em 395, o
grande império Romano foi dividido em: Império Romano do Ocidente, com sede em
Roma; e Império Romano do Oriente, com sede em Constantinopla.
A finalidade dessa divisão era
fortalecer cada uma das partes do império para vencer a ameaça das invasões
Bárbaras. Entretanto, o Império Romano do Ocidente não teve organização interna
para resistir aos sucessivos ataques dos povos bárbaros.
Os bárbaros tinham exército
eficientes, que contavam com soldados guerreiros, coesão interna das tropas e
boas armas metálicas.Apesar de rudes, os bárbaros exibiam ideal e vigor. Roma,
por sua vez, mostrava-se corrompida pela discórdia, pela indisciplina no
exército e pela falta de entusiasmo das populações miseráveis. É por isso que cerca
de quinhentos mil bárbaros conseguiram desestabilizar o um império com mais de
oitenta milhões de pessoas.
Em 476, o ultimo imperador de Roma,
Romulo Augusto, foi deposto por Odocro, rei do hérulos, um dos povos bárbaros.
Quanto ao Império Romano do Oriente,
embora com transformações, sobreviveu até 1453, ano em que os turcos
conquistaram Constantinopla.
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